sábado, 28 de fevereiro de 2009

Caminhando para a vida...

Entrámos no tempo da Quaresma e de novo as três práticas penitenciais – oração, esmola e jejum – apresentam-se para nos prepararmos de maneira a melhor celebrar a Páscoa do Senhor.
Na sua mensagem quaresmal, o Papa Bento XVI “valorizou particularmente o jejum, acentuando que ele não é mera prática do passado mas um meio que nos é proposto a todos nós, entorpecidos pelo pecado e suas consequências, como muito conveniente para restabelecermos a amizade com o Senhor” (Nota Pastoral de D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra).
Este caminho quaresmal convida-nos à prática do jejum, contudo o profeta Isaías interpela-nos para que não nos deixemos envolver num jejum exterior, esquecendo-nos de que o verdadeiro jejum deve começar no coração e nas relações com os irmãos. “Jejuais entre rixas e disputas, dando bofetadas sem dó nem piedade. Não jejueis como tendes feito até hoje, se quereis que a vossa voz seja ouvida no alto. (…) O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão.” (Is 58, 4;6-7).
Neste sentido, D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, diz-nos que “o jejum – nas várias formas expressivas da sociedade de vida e de consumo – torna-se oração e comunhão. Reaviva o amor. Abre no coração a fonte da partilha. Não faz barulho, mas dá frutos de justiça e de caridade.” Frutos estes que são “respostas de generosidade e de esperança que repartam o pão com os que têm fome e enchem o nosso coração de vida” (Mensagem quaresmal de D. António Francisco, Bispo de Aveiro).
A Quaresma já começou, não esperemos mais para começar a converter o nosso coração, com o jejum das obras do mal, do pecado, com a penitência que dá pão aos que não o têm. “Que o medo não nos vença e que o desânimo não se sobreponha à audácia da caridade”, lembra-nos D. António Francisco. Caminhemos com coragem ao longo desta Quaresma, com o olhar posto na Páscoa de Cristo, mas não queiramos atingir a ressurreição sem passar pela cruz, pois isso não é possível. Se não morrermos como poderemos nós ressuscitar?

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Sempre dando graças ao Deus que me criou...

A tristeza invadiu-me o coração neste dia em que dou graças a Deus pelo dom da minha vida, porque duas das pessoas que habitam o meu coração estão presas a uma cama de hospital.
Uma delas é a minha avó paterna, que com oitenta e oito anos, vai ter que ser operada ao fémur, pois uma queda fez com que o partisse e como não existem possibilidades dele colar naturalmente, vai ser sujeita a uma operação cirúrgica.
A outra é um amigo de vinte e um anos, que recebi hoje a notícia, que está em Lisboa em coma. Este amigo chama-se Luís Cruz, natural da freguesia de Penalva de Alva. Estava a fazer estágio, quando o jipe onde viajava, com três colegas de curso, foi atingido por um deslizamento de terras, que os atirou por uma “ribanceira”. Os outros três saíram sem sequelas de maior, mas o Luís entrou em coma.
Já andava um pouco agitado por causa de acontecimentos recentes, contudo nenhum se comparava com esta notícia da operação a que vai ser sujeita a minha avó. Notícia que afectou toda a família, pois temos consciência que vai ser uma operação de alto risco, devido à idade e ao feitio da minha avó, que pode roubar-me a avó. Apesar de toda a agitação em torno da situação da minha avó, mais uma onda de turbulência veio atingir-me, a notícia do coma do meu amigo Luís. Como é tão frágil o homem, Senhor! Como de um momento para o outro, tudo se altera!
Senhor, dou-Te graças pelo dom da vida que me concedeste, pela caminhada que me tens ajudado a fazer ao longo destes vinte anos. Como não posso esquecer as pessoas que colocaste ao meu lado, Te peço por todas elas, nomeadamente pelos meus pais, que foram teus colaboradores, para que continuem a ser exemplo e alegria para a minha caminhada, pela minha avó e pelo Luís, para que lhes concedas a saúde de que necessitam, e aos seus familiares e amigos a paciência e a coragem, para que os ajudem a passar este momento difícil.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

"Um pouco de fermento leveda toda a massa". Gl 5, 9

Ao dirigir-se aos gálatas, o Apóstolo Paulo interpelou-me com a sua palavra e trouxe-me à memória tantos como ele, que se entregaram totalmente ao Evangelho de Jesus Cristo e que o seu Sangue foi e é fermento num mundo incrédulo e corrupto.
Mas quem poderá dar tanta fé e vida a estes que não receiam perdê-la? Quem será a sua força e Quem lhe encherá o coração de alegria e esperança, de pureza e de amor, de verdade e confiança? Só Aquele que nos amou tanto que se entregou por nós numa cruz e que três dias depois ressuscitou. Só Cristo que se fez homem sendo verdadeiro Deus.
Senhor, verdadeira vida e verdadeiro fermento, o Vosso Sangue fez germinar a semente que a Vossa Palavra semeou, Vos dou graças pelo Amor que me tendes e Vos peço que me ajudais a ser fermento no meio do mundo que me rodeia.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Luto passa, a certeza da vida permanece...!

O luto invadiu o Seminário Diocesano de Leiria, espalhou-se pela diocese de Leiria-Fátima e apoderou-se da música litúrgica, pois faleceu o Padre Carlos Silva, que dedicou toda a sua vida à música. A sua obra é impressionante, a sua dedicação exemplar e a sua partida inesperada. Deixa-nos uma vida banhada pela musicalidade do amor e da dedicação com que se entregou à música para louvar a Deus.
“Vós, inexperientes, aprendei a prudência, e vós, insensatos, aprendei a inteligência”, recorda-nos o Livro dos Provérbios. São tão belas estas palavras que Deus nos quis dizer. O Cónego Carlos era um mestre que ensinou durante a sua vida as gerações vindouras a aprenderem a prudência e a fazerem a passagem da insensatez à inteligência.
Senhor, que o testemunho do Padre Carlos Silva seja para mim motivo de mudança e de incentivo à busca da inteligência, pois a busca da inteligência não se faz parado à espera que ela venha, mas sim indo ao seu encontro, entregando-se-lhe inteiramente e sem medo, porque Vós estais ao nosso lado e conVosco fazem-se maravilhas que nós nunca as conseguiríamos concretizar sozinhos.
O luto está em mim, mas a certeza de que o Padre Carlos Silva já está junto de Vós habita o meu coração e me faz cantar suas músicas de louvor.